É comum associarmos a palavra “revolução” à revolta, à luta de poderes e, portanto, à violência. Já “artesanal” parece ir na direção contrária, ligada à arte e à delicadeza do fazer manual. Os usos contemporâneos que causam certo ruído e estranhamento na junção dessas palavras se dissipam se olharmos para sua bagagem histórica, sua etimologia.
Revolução vem de revolutio/ revolvere (latim), substantivo e verbo ligado a “dar voltas”, “girar”. Dela deriva o termo revolução enquanto movimento orbital em torno de um eixo, rotação – todas elas ligadas à movimento. Já artesanal nasce em ars (latim), “habilidade natural ou adquirida” que vai ser ligada à questão estética e ao conceito de “arte” no séc. 17. De ars deriva artigiano, aquele que faz algo com as mãos. E se fôssemos dar mais passos atrás na história, encontraríamos a raiz de ars em ar, do indo-europeu, que significava unir. Com licença poética para ligar a bagagem etimológica de revolução e artesanal, nasceria, portanto: movimento de união.
O Fazer Manual é Revolucionário Porque Valoriza a União, a Coletividade e a Singularidade
O movimento da Revolução Artesanal utiliza o fazer artesanal como meio para seu ativismo delicado, uma forma de ativismo que expressa por meio do olhar e da expressão de si a mudança que se deseja ver no mundo. Mudanças que só se realizam via expansão da consciência e profundidade diante de questões como ambientalismo, políticas sociais e econômicas, consumo consciente, feminismo, entre outras.
É neste movimento que desejamos unir os fazedores do Brasil (e, por que não, do mundo!) a ampliar a compreensão sobre nossa prática manual enquanto processo autoral ligado ao autodesenvolvimento e à transformação social.
Indo na contramão da revolução industrial, que inclui o ser humano como mais um componente na cadeia produtiva, a revolução artesanal inclui e valoriza esta qualidade essencialmente humana: o fazer – dando visibilidade à arte e à singularidade de cada artesão, de cada fazedor
O Fazer Manual é Revolucionário Porque Promove Pausa
Precisamos de coisas com mais fôlego. De oxigênio para recuperá-lo. Para ativar e manter a nossa chama acesa. Com a luz desta chama e ânimo para seguir em movimento, acreditamos que podemos nos conectar com um tempo único para cada sujeito.
É no encontro com esse tempo, interno, processual, que começa a revolução. É nesta resistência sutil à lógica da pressa, da alta performance e da entrega de resultados que brotam pequenas mudanças internas, as quais, mais tarde, vão florescer em escolhas conscientes e congruentes com quem somos. E dessas flores nasce a possibilidade de polinização dessa revolução no mundo.
Festival do Fazer: O Mundo Feito a Mão Já Existe
Enquanto a Revolução Artesanal é um movimento, o Festival do fazer é um momento que entrelaça fazeres, lugares e pessoas e neste ano O Festival do Fazer – Um mundo feito à mão convida a entrar em um espaço de dois dias, onde as histórias, conversas, produtos e oficinas são feitas à mão, trazendo a qualidade de vivência e experiência como forma de aprendizado e também valorizando o processo como troca.
Venha viver esta experiência de um mundo feito à mão. O Festival do Fazer é um convite a celebrar e a interagir com o mundo artesanal. Este é o terceiro ano que Revolução Artesanal produz artesanalmente este evento, oferecendo um espaço de fazer, de estar e de conviver. Serão dois dias de imersão no universo do que você pode manifestar por meio de suas mãos, saindo das armadilhas e ilusões do mental para ver, sentir, trocar e prestar atenção ao seu processo de dar forma a algo no mundo.
Nos dias 7 e 8 de junho, em São Paulo capital, serão oferecidas oficinas presenciais para praticar e compartilhar experiências do fazer manual, por exemplo: produção de pão com fermentação natural, cerâmica, mini horta, arte em couro, tingimento, ecoprint, luminária, escultura com arame, entre muitas outras. A programação completa está no site Revolução Artesanal
4º Festival do Fazer
Quando: 7 e 8 de junho de 2019 (sexta e sábado, das 10h às 19h)
Onde: Unibes Cultural – Rua Oscar Freire, 2.500 – Ao lado do metrô Sumaré – São Paulo, SP
Quanto: Entrada gratuita no espaço onde acontecem a feira e as rodas de conversa. Oficinas do Fazer terão valor definido e número de vagas determinados.
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