Por Leticia Martins – Faculdade Cásper Líbero
Você já foi do funk pro rock? Ou da ópera pro samba? Talvez você já tenha ido do folk pop para o indie pop e nem percebeu. São muitos gêneros, eu concordo. Mas você já parou pra pensar o que a música representa? E por que tantos nomes pra caracterizar a música? Não, não é um teste do BuzzFeed procurando saciar sua vontade de saber qual gênero você mais se identifica. Porém, de acordo com o seu perfil, seu cotidiano, costumes e raízes talvez você se encontre ao longo da leitura.
O âmbito musical está inegavelmente ligado à cultura, o que nos permite associar que cada cultura tem seu padrão, pois sim, a sociedade vive em constâncias típicas de cada grupo social. De fato, a música é livre e está presente em todas as classes. Entretanto, tal afirmação prescinde de uma legitimidade, uma condescendência e um requinte cultural.
Vou explicar melhor, a música é mais do que um jogo instintivo, ela não mexe só com a emoção – o que é um argumento bastante relevante – ela pode sim te trazer alegria, tristeza, remeter-te a lembranças, te inspirar, te relaxar entre outras coisas, mas ela representa muito mais que sentimentos. Ela é movimento, ela é ativista, ela é manifestação, ela é questionamento, ela é visibilidade, ela é luta, ela é o que você quiser fazer dela. E esse é o ponto.
Em uma das últimas aulas de sociologia que tive na faculdade, foi abordado o tema música, com as nuances de apropriação cultural, de poder ou não poder ouvir o funk por ele ser um estilo musical típico da periferia. A discussão nos levou a pensar que o funk está presente em várias classes sociais. Ele estava no festival LollaPalooza deste ano, no show do rapper americano Post Malone que convidou o funkeiro Kevin O Chris para se juntar a ele no palco e cantar dois de seus sucessos. Todavia, sabemos que este é um evento de elite onde se concentram pessoas brancas com boas condições financeiras. E lá, o funk não foi proibido, nem denunciado e ninguém foi preso. Enquanto na nascente desse estilo musical, na comunidade onde acontecem os bailes funk, sempre acontecem prisões, polícia na porta e sejamos sinceros, discriminação. Para resumir, chegamos à conclusão que não é errado o funk ser tocado e aberto para as demais classes, porém, é necessário reconhecer suas origens, entender o que ele significa para os que criaram e não somente dizer “é só uma música que eu curto”, pois ela é mais que isso.
Este foi só um exemplo que confirma uma frase que li do Maestro Lucivânio, “A cultura nada mais é do que uma expressão da construção humana”. Cultura é raiz, é seu princípio e origem e quem constrói isso é a sociedade, é o diálogo, a troca de conhecimento, a música que você compartilha com seu amigo no whatsapp ou no stories do instagram. A cultura diz sobre você, e a música como parte disso é sua representatividade.
Na rua, no metrô, no ônibus, você se depara com muita gente com fone de ouvido, e neste momento é o encontro de vários gêneros musicais, várias emoções, várias representações do que o outro é. Se você pega transporte público todos os dias automaticamente você “tropeça” com várias identidades culturais sem nem perceber. Diante disso, experimentei levar esse pensamento pra realidade e perguntar para algumas pessoas o que é a música para elas.
“Para mim, música é qualquer som agradável para a pessoa” – disse Arthur Pontes, 19, estudante.
“Música é paz e diversão, adoro escutar meu Roberto Carlos” – disse Maria da Conceição, 69, diarista.
“Pra mim é tranquilidade, fico relaxado. Como um passatempo” – disse Eduardo Simões, 41, empresário.
Quando questionados sobre o que mais ouvem, eles disseram: “indie rock e indie folk” , respondeu Arthur.
Maria da Conceição disse não saber o gênero, mas que adora Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Eduardo disse não ter muito tempo para escutar música, mas quando o faz “ouço mais música erudita, a clássica né” essa é a escolhida.
De acordo com essas perguntas simples, podemos ver os nuances na sociedade. E sim, a classe social que você pertence diz respeito sobre a sua música. É algo que não percebemos, passa batido, mas quando analisamos é nítido, a música traz uma legitimidade de acordo com o seu perfil, a sua raiz.
Em suma, você pode ir de Henrique e Juliano a Leny Andrade, de Mc Livinho a Taylor Swift, de Caetano Veloso a Anitta – ( eles até fizeram uma música juntos recentemente – “Você mentiu” ), do Jazz para o Funk, do Rock para o Pop, não importa, é bom a mescla de culturas, faz parte de ser sociedade. Contudo, parta do princípio que é necessário também pensar na representatividade que um aspecto cultural carrega e procurar levar a ele seu devido valor.
Aqui vai uma lista de alguns estilos musicais. Experimenta ouvir um que nunca ouviu 😉
- Alternativo
- Axé
- Blues
- Bolero
- Bossa Nova
- Brega
- Clássico
- Country
- Cuarteto
- Cumbia
- Dance
- Disco
- Eletrônica
- Emocore
- Fado
- Folk
- Forró
- Funk
- Funk Internacional
- Gospel/Religioso
- Grunge
- Guarânia
- Gótico
- Hard Rock
- Hardcore
- Heavy Metal
- Hip Hop/Rap
- House
- Indie
- Industrial
- Infantil
- Instrumental
- J-Pop/J-Rock
- Jazz
- Jovem Guarda
- K-Pop/K-Rock
- MPB
- Mambo
- Marchas/Hinos
- Mariachi
- Merengue
- Música andina
- New Age
- New Wave
- Pagode
- Pop
- Pop Rock
- Post-Rock
- Power-Pop
- Psicodelia
- Punk Rock
- R&B
- Ranchera
- Reggae
- Reggaeton
- Regional
- Rock
- Rock Progressivo
- Rock and Roll
- Rockabilly
- Romântico
- Salsa
- Samba
- Samba Enredo
- Sertanejo
- Ska
- Soft Rock
- Soul
- Surf Music
- Tango
- Tecnopop
- Trova
- Velha Guarda
- World Music
- Zamba
- Zouk
1 Comentário
Amei cada palavra, texto muito bem escrito, daqueles que nos faz pensar e repensar. Foi escrito com delicadeza e cuidado. A música é livre, e isso nos permite passear de um estilo para o outro, sem que nos prendam à preconceitos e tantas outras questões. Parabéns.