Ao longo da história, a construção social dividiu mulheres e homens em uma dicotomia: homens fortes e mulheres fracas. Sendo destinado à mulher apenas o papel reprodutivo e a manutenção do lar. Religiões, culturas e ideologias enfatizaram essa ideia de que as meninas são um ser de segunda classe. Sendo assim, tudo o que é relacionado ao gênero feminino torna-se de segunda classe.
Conforme vão crescendo, as crianças são educadas a manter seus papéis de gênero: meninos não querem ser associados a coisas de garotinha e, quando se tornam homens, não querem perder a sua virilidade.
Porém, a concepção do que é feminino ou masculino mudou ao longo da história e em diversas sociedades.
Coisas populares entre meninas que sofrem preconceito
Salto
O salto já foi um símbolo de status e virilidade masculina. No século X, a cavalaria persa usava saltos como uma forma de manter a estabilidade nos estribos.
Como ter um cavalo era uma coisa cara, logo ele foi usado fora dos cavalos também, como forma de ostentação. Era luxuoso usar um salto, e como era associado à infantaria militar, era tido como um símbolo de virilidade e força. No final do século XVII, devido ao contato da persa, foi adotado pela aristocracia.
Luís XIV era fascinado pelo estilo de sapato e só permitia que membros da corte próximos a ele usassem. Quanto mais alto o salto, maior a posição de quem usasse, mais ainda se eles fossem vermelhos, cor usada para representar poder, nobreza e masculinidade.
Seu sucessor, Luís XV, tornou o salto famoso, sendo então adotado por mulheres.

Azul e rosa
Se o vermelho era considerado uma cor forte e masculina, o rosa era o vermelho claro, cor dos meninos. Em contrapartida, o azul simbolizava a pureza, uma característica associada à delicadeza, feminilidade e representava a Virgem Maria.
No início do século XX, com a crescente industrialização dos Estados Unidos, lojistas começaram a vender a ideia de rosa para meninas e azul para meninos como forma de inovar. Os pais começaram a comprar a sugestão, mas só nos anos 80 que ela se perpetuou com tanta força.
Antes disso, meninos e meninas vestiam vestidos brancos.Tingir uma peça não era algo muito acessível e era destinado apenas a pessoas mais velhas e mais abastadas. Além disso, era bastante prático pela facilidade de trocas.
Saias, vestidos e calças
Espécies de túnicas, saias e togas foram usadas por homens e mulheres da antiguidade com pequenas distinções de gênero. Quando homens começaram a atuar em guerras, a peça foi perdendo o seu espaço, mas só parou de ser usada com o começo da Revolução Industrial e a evolução da alfaiataria.
Ainda assim, a peça se faz presente em indumentárias tradicionais masculinas de várias culturas, como o kilt da Escócia.
Em contrapartida, as mulheres começaram a usar saias no ocidente há um pouco mais de 100 anos, influenciadas pelas roupas esportivas, a necessidade de ocupar os pontos de trabalho e o surgimento das primeiras feministas.
Maquiagem
Os primeiros registros do uso de maquiagem como embelezamento são do Antigo Egito, quando tanto homens e mulheres usavam o kohl – uma espécie predecessor da caneta delineadora, feito de malaquita com carvão e cinzas. Também se usava pigmentos de cores vivas, além de ocre nos lábios e bochechas. Além disso, como em muitas culturas, o ato de se pintar tinha muito a ver com a religião, os olhos eram considerados os postais da alma.
Durante o período rococó – século XVII e XVIII – adornos, brocados e uma indumentária extravagante era valorizada entre a aristocracia como forma de afirmar seus status. Bochechas coradas, perucas, pintas falsas e pó de arroz eram o padrão da época.
A Revolução Francesa foi responsável por vários questionamentos em relação à vaidade aristocrática e, consequentemente, interferiu no que era considerado másculo e o que não era. Com avanço do capitalismo, a divisão em relação à vestimenta se tornou ainda mais visível.
Os homens nos postos de trabalho optaram por uma roupa mais funcional e, às mulheres, era destinada a função de exibir os dotes financeiros do marido. Desde então, a vaidade é rejeitada pelos homens junto com outros aspectos que agora são considerados “fúteis”.
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Por Loara Tomaz – Fala! Universidade Federal do Tocantins