“Nem recatada e nem do lar. A mulherada está na rua para lutar!”
Nessa quarta-feira, dia 1 de junho, era ao som desse e de vários outros cantos, que mulheres ao longo da Avenida Paulista expressaram a indignação que sentiam pelo machismo presente na sociedade. A concentração começou no MASP às 16h, depois seguiu sentido Consolação e desceu para a Rua Augusta.

O estopim para a manifestação “Por TODAS ELAS” foi o estupro coletivo feito por 33 homens, ocorrido no Rio de Janeiro, em maio desse ano, com uma garota de 16 anos. A repercussão na internet, na televisão e nas ruas chamou a atenção para brutalidade do crime e pelo rumo que teria tomado se não fosse a opinião pública e a mobilização feminina à esse absurdo. O delegado responsável, agora afastado e substituído por uma delegada, segundo o depoimento da vítima, duvidou da situação e realizou uma série de comentários machistas em relação ao comportamento da menor. O caso que chocou o país e o mundo é respaldado pela cultura do estupro, que está presente desde piadas de cunho machista até em abusos de todas as formas. Em diversos momentos da manifestação, as mulheres paravam e faziam, em conjunto, uma contagem até 33, como uma referência ao ocorrido.
Mulheres de todas as idades encheram as ruas, e entre abraços, choros, palavras de apoio e carinho, demonstraram uma sororidade que muitas vezes é sucumbida pela sociedade machista.
A linha de frente da manifestação seguia com uma bateria e uma roda formada por mulheres de mãos dadas, que protegia o que se encontrava em seu centro: mães com crianças, inclusive de colo. Uma delas, que amamentava sua filha, declarou: “Eu estou aqui por mim. Eu estou aqui por ela. Estou aqui por todas nós. Por todas elas. Acho que tem um momento que a gente precisa colocar a cara a tapa, mesmo com criança no colo, carregando minha filha que tem um ano de idade, pra que ela não tenha que passar por tantas dificuldades que nós, mulheres, enfrentamos hoje em dia. Que ela possa sair livre na rua, com a roupa que ela quiser, da forma que ela quiser, o horário que ela quiser e que não tenha que ser oprimida pelo medo. É por isso que estamos aqui hoje, marcando presença com outras mulheres, para dar voz a esse grito que é tão importante – o da igualdade, da liberdade e, principalmente, do respeito aos nossos corpos e nossas regras”.

As manifestantes também criticaram o governo Temer, que assumiu sem mulheres no Ministério, algo que não acontecia desde o governo Geisel. Essa falta de representatividade fere a democracia e dificulta a avaliação de propostas e projetos, que beneficiariam questões relativas às mulheres.
Embora alguns homens estivessem em meio à passeata, a maioria estava nas calçadas, apenas observando. O protagonismo feminino em atos como esse é essencial para evitar que as mulheres não percam espaço, mais uma vez, em algo que apenas elas sentem na pele.

Em todo o percurso, a manifestação foi pacífica e sem confrontos com a polícia militar, que foi alvo de críticas, assim como o presidente da Câmera dos Deputados afastado, Eduardo Cunha, devido a não legalização do aborto e o patriarcado.
O “Por TODAS ELAS” mostrou a força que existe na união das mulheres, e para deixar claro o que elas mesmas declaravam: “mexeu com uma, mexeu com todas”.
Nós entrevistamos a atriz Maria Casadevall e a jornalista Chris Flores, presentes na manifestação, e perguntamos o que aquela manifestação representava para elas.
Confira as respostas:
Maria Casadevall:

Chris Flores:
Confira mais fotos do ato:









Por: Julia Di Spagna e Monica Crepaldi
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