Atualmente, a busca pela expressão da afetividade e por prazer na juventude nem sempre é amparada por uma educação sexual que aborde a sexualidade em seus aspectos biológicos, culturais e sociais, como recomendam os parâmetros curriculares de ciências do Ministério de Educação (MEC).
A finalidade disso é o comportamento de risco, como o não uso contínuo de proteção nas relações sexuais, por exemplo. A gravidez na adolescência pode transformar um momento vital em crise e também oferecer riscos às adolescentes, aos recém-nascidos, às famílias e também para a sociedade.

Falta de educação sexual influencia o número de gravidez
Durante o ano, cerca de 18% dos brasileiros nascidos são filhos de mães adolescentes (400 mil casos por ano). No mundo, por ano, são aproximadamente 16 milhões de mães adolescentes entre 15 e 19 anos, e 2 milhões menores de 15 anos. O risco de morte materna duplica entre mães menores de 15 anos em países de baixa e média renda. Esses dados são do relatório publicado em 2018 pela Organização Pan-Americana de Saúde/ Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Esses números reforçam a necessidade de se investir em prevenção. Logo, a educação sexual precisa, com urgência, ser debatida e ensinada nas escolas, desde o ensino fundamental, a fim de se prevenir a gravidez precoce.
A exposição em excesso de crianças e adolescentes na mídia, aliada à falta de educação, tem levado à vulgarização do sexo, trazendo um sentimento de que a vida sexual deve ser iniciada precocemente. Sem as devidas informações, e muitas vezes inconsequentemente, meninas e adolescentes engravidam por isso.
A gravidez na adolescência causa negativamente uma mudança na vida das garotas, como o abandono da escola, perdendo oportunidades no mercado de trabalho e a conclusão do ensino educacional, assim, gerando uma situação de pobreza e exclusão social. Essas meninas não podem continuar a ter como única chance de vida a maternidade.
Levando–se em consideração esses aspectos, vale ressaltar que é preciso dar suporte a uma educação sexual que vá além da abordagem reprodutiva, na qual exista temáticas como fisiologia e anatomia sexual, puberdade e menstruação, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), tratando também sobre outras dimensões da sexualidade, incluindo igualdade de gênero, orientação sexual e identidade de gênero.
Dessa forma, ainda que o assunto deixe a desejar em termos de legislação específica, uma educação sexual ampla é essencial e prevê a formação dos estudantes para agir com responsabilidade, tomar decisões com base em princípios éticos, ter cuidado emocional consigo e com os outros, mas também acolher a diversidade sem preconceitos.
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Por Camilli Moreira – Fala! UFPE