Estão matando o futebol. Não por mexerem com o jogo em si, dentro do campo, mas sim por confrontarem seu elemento externo mais importante: a torcida.
A modernização (gourmetização) do futebol que vêm tendo destaque nos últimos anos prejudica os verdadeiros amantes do esporte, apenas para transformá-lo em mercadoria e vendê-lo como qualquer outro produto que se encontra no supermercado.
Um dos principais símbolos dessas mudanças que vêm ocorrendo, a criação de novas arenas extremamente modernas, não só tira a essência do esporte, com seu luxo exagerado e desnecessário, como também impede que grande parte do público amante do futebol compareça para apoiar os clubes do coração, devido aos preços abusivos que são cobrados para quitar as dívidas geradas pelas próprias arenas.

A Arena Corinthians, por exemplo, teve no início do Campeonato Paulista de 2017 o pior público desde a inauguração, com média de 20.001 pagantes por jogo, principalmente por conta dos altos preços dos ingressos.

É claro que não se pode dizer que o público das camadas mais populares é mais importante para o jogo do que aqueles com mais renda, mas esse público possibilita a parte mais bonita das arquibancadas, que é a união de pessoas extremamente diferentes em vários sentidos em prol de um único objetivo: incentivar o time.
As organizações responsáveis por gerenciar o futebol no Brasil ainda tentam acabar com a festa daqueles poucos que têm condições de ir ao estádio, proibindo os tradicionais bandeirões, sinalizadores e até torcidas adversárias em dias de clássicos.

Nunca se imaginou que uma torcida fosse proibida de ver seu clube do coração de dentro do estádio, mesmo que a partida fosse realizada na casa do adversário.
Obviamente que as justificativas são sempre relacionadas à segurança do torcedor, mas será mesmo que adotar medidas que não são comprovadamente eficazes, e que diminuem a beleza a do esporte mais popular do mundo, é mesmo o correto a se fazer?
Quem já foi a um estádio lotado, cercado pela fumaça e por bandeiras enormes nas cores da equipe, sabe que tal experiência não tem preço, e sabe que sempre haverá uma grande diferença entre o futebol “raiz” e o futebol “nutella”, que se vê hoje em dia.
O torcedor sempre será uma das peças mais essenciais do futebol, mas se as organizações continuarem a confrontá-lo, o esporte ficará cada vez menos apaixonante e atrairá cada vez menos os espectadores, fato muito triste principalmente quando se trata do “país do futebol”.
Aqueles que são verdadeiramente apaixonados pelo jogo nunca irão abandoná-lo, mas por ora, o futebol respira por aparelhos.
Por: Victor Boni – Fala! Cásper
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