Por Luana Pellizzer – Fala!Cásper
Nessa sexta feira, 25 de Janeiro de 2019, Minas Gerais iniciou o dia em sofrimento. O rompimento de uma barragem da mineradora Vale, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, deixou mortos e desaparecidos, além do luto no coração do povo brasileiro.
Essas barragens são responsáveis por armazenar o rejeito que provém da apuração do minério. O resíduo consiste em uma lama espessa, carregada de metais pesados. Quando há o rompimento da barragem, é como um tsunami, que carrega tudo que vê pela frente: carros, casas, rios e vidas. A que causou o desastre de sexta era a barragem 1, da mina Córrego do Feijão.
Muitas famílias estão ansiosas, buscando encontrar parentes desaparecidos. A equipe de resgate não abre espaço para descanso e toda a região se mobilizou para que não faltasse água, comida e roupa para aqueles que perderam o que tinham. Mas, infelizmente, para alguns não há mais esperança: até o momento, 58 mortes já foram confirmadas pelo Corpo de Bombeiros, e o número tende a crescer. Com sorte, 192 pessoas já foram resgatadas com vida.
A Vale divulgou uma lista de mais de 305 desaparecidos, entre eles empregados e terceirizados. Homens e mulheres cujas famílias aguardam por notícias. José Roberto Pellizzer, diretor da Analub, empresa que presta serviço para a mineradora, fala: “apesar do susto que nós tomamos logo a princípio por saber que os nossos funcionários estariam lá naquele momento (…), eles se salvaram. Por outro lado, a consternação é muito grande, porque são muitos amigos que trabalhavam la dentro e que estão desaparecidos (…) Apesar do alivio, estou muito chateado pelos vários que não tiveram a mesma sorte”. Os quatro funcionários da Analub que estavam lá contaram com um imprevisto: um pneu furado. Por isso, atrasaram a chegada no restaurante da Vale, local que foi inteiramente afetado pela lama, deixando várias vítimas.


O desaparecimento gera sofrimento. As lágrimas não param de cair, a angústia, ontem e hoje, é companheira. A esperança vem acompanhada do medo e da dor. Izabela Barroso Camara Pinto, engenheira natural de Governador Valadares. Pais, marido e amigos esperam que ela volte para casa. Lúcio Mendanha, supervisor de mina, tem filhos, ainda crianças, que aguardam seu reaparecimento. Alguns viram a vida passar na frente dos seus olhos, e conseguiram ficar com ela. Outros, provavelmente, lutam para mantê-la. Por fim, tiveram aqueles que, infelizmente, a perderam, levada pela lama. Esses, deixarão saudades.
Há três anos atrás, o rompimento da barragem de Fundão, na cidade de Mariana, deixou 19 mortos. O desastre também matou o Rio Doce, que banha Minas Gerais e o Espírito Santo. Essas duas tragédias, em um intervalo de tempo tão curto, pedem à empresa Vale que, urgentemente, faça as interferências necessárias para evitar que esse tipo de acontecimento se repita. A mineradora, que deveria extrair minério, está extraindo as lágrimas dos mineiros.
“Enterrar”
Em meio a tanto barulho
Sirene, grito, medo do escuro
Azar foi do trabalhador
Como que se trabalha
A dor?
Sentimentos que foram enterrados
Hoje são apresentados
Por aqueles desaparecidos
Na lama, soterrados
Pergunto à Vale
E a vida, quanto vale?
Depois de Mariana
Em Brumadinho, a dor exclama
Primeiro foi o Fundão
Que levou o Rio Doce
Agora o córrego do Feijão
Leva embora o meu coração
2 Comentários
Catastrófico!?
Ass: Raphael Chaves.
Texto muito bem escrito, parabéns