Por Layon Lazaro – Fala!USP
Com Aquaman, a DC respira – embaixo d’água
Toda vez que um herói da DC ganha um filme, os fãs de cinema e quadrinhos em todo o mundo se fazem as mesmas perguntas – será que agora vai? Será que dessa vez eles chegarão ao nível dos filmes da Marvel? Será que o filme é pelo menos melhor que Esquadrão Suicida?

DC rumo ao topo
Se a Marvel reina soberana no olimpo dos filmes de heróis, Aquaman talvez seja o maior passo dado pela DC-Warner no desafio ao topo. Tanto pelos números investidos na produção, no marketing e no esforço em levar o filme para a China (pouco mais de uma dúzia de filmes estrangeiros por ano tem a permissão de entrar nos cinemas chineses), quanto pelo extenso cuidado em tornar o filme o mais atraente possível às audiências em todo o mundo. Para isso, o estúdio 1-) recrutou como protagonista Jason Momoa, um dos mais carismáticos grandões disponíveis em Hollywood; 2-) removeu do filme qualquer obstáculo de idioma, optando por diálogos que estão entre o elementar e o óbvio; 3-) encheu a trama com cenas de ação, explosões, pancadaria, perseguição e animais fantásticos. Três medidas, digamos assim, apelativas. Por mim, e pelas quase 4 mil pessoas que assistiram ao filme comigo no auditório Cinemark da CCXP, tudo bem.

Atlantis em risco
O filme começa com a narração de Arthur (Momoa) quanto a sua própria origem. Conta ele que a rainha Atlanna (Nicole Kidman), fugindo de um casamento arranjado, acaba sendo encontrada em alguma praia de Massachusetts por um faroleiro solitário (Temuera Morrison), que a leva para casa e a oferece ajuda. Os dois engatam um romance e Atlanna tem um filho, Arthur. Logo Atlanna se vai, mas Arthur herda da mãe a relação poderosa com o mar.
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E é no fundo do mar que repousam Atlantis e seus cidadãos, que podem falar, se mover e lutar sob a água tão bem quanto só os maiores super-heróis podem fazê-lo na superfície. Atlantis é uma monarquia, regida pelo rei Orm (Patrick Wilson), arrogante, ambicioso e com um vasto exército a seu dispor. Como em qualquer retrato cinematográfico de um mundo imperialista, em Atlantis também há intriga, manipulação, abusos e vingança: Orm deseja reunir os sete reinos oceânicos em um grande exército capaz de vencer a superfície e, enfim, dominar unir o mundo.

Para deter os planos do rei Orm, Arthur se une a Mera (Amber Heard), uma princesa de outro distrito dos oceanos, filha do rei Nereus (Dolph Lundgren). Arthur e Mera fazem um belo e carismático par, ela diligente e alerta, e ele bastante calmo, a menos que realmente pressionado.
Filme de ação ou videogame?
Há incontáveis sequências de ação em Aquaman. É tanta pancadaria que, talvez pela primeira vez na história dos filmes de super-herói, menos teria sido mais. Isso porque não só as cenas de ação são várias, e longas, mas porque elas nem sempre estão justificadas pela trama, como se as batalhas estivessem lá só para agradar um segmento da audiência, e não como demanda real do desenrolar da história. A audiência precisa antes se importar com o personagem, para depois ter interesse em vê-lo batendo – ou apanhando.
Dito isso, Momoa como Arthur talvez seja a melhor conquista do filme. O ar indiferente e relaxado de Arthur, em contraste com seu físico impressionante, tornam a história muito mais agradável de se acompanhar. Não é fácil interpretar um super-herói, muitos bons atores já disseram isso, mas Momoa faz parecer a coisa mais natural do mundo.
A verdade é esta: se você quer um filme com personagens verossímeis, que saibam dialogar com beleza e vocabulário rebuscado, fazendo outras coisas além de trocar socos sob ou perto da água e respeitando todas as leis da física, esse talvez não seja o seu filme. Agora, se você quer diversão sem compromisso com a realidade e ver um grandão simpático descendo o braço nos vilões, aproveite Aquaman no cinema – é o primeiro filme da DC que tem alguma magia, algum encanto, aquele je ne sais quoi quase onipresente nos filmes da Marvel. Há uma longa distância entre a representação dos dois universos nos cinemas, é claro, a Marvel estando quilômetros à frente da DC. Mas toda grande caminhada se inicia com o primeiro passo.
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